sábado, 20 de dezembro de 2014

Retenho-a nos olhos selados


A auga alaga a raizame das árvores
as galhas semelham tortuosos labirintos
que medram

E eu em baixo
tão pequena
Doe-me o pescoço de mirar para o alto

Aperto a imagem na retina
retenho-a nos olhos selados


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A mulher da flor

Fragmento da obra "A mulher da flor" de Diego de Giráldez
A flor prende no cabelo lácio
escuro
luze arrodeando a longa melena
com uma cinta estreita
A hábil pincelada atrapa a aura
da margarida
e a teia
apenas cobre o equilíbrio da mama
Aparte disso
comove o olhar triste
baixo as pálpebras
O raizame estende-se no bosquejo
e medro numa pose tímida
Semelho uma pokahontas
apreixada nos matizes terra
do silêncio

Este poema pertence ao conjunto de poemas "O sonho da modelo"

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

NUA

Fragmento da obra de Diego de Giráldez

As raiolas dum sol imenso
atravessam o entrelaçado tecido
do chapéu azul
xurdem intensas
aparecem
onde o meu corpo nu, em supino
fica dormido
e aquecem linhas nas paragens inóspitas
na pele
Sou uma mulher abstraída
internada na dualidade
imantada no âmbito fusco, melancólico
Manifesta no contundente traço
na simetria perfeita co cosmos

Poema que pertence ao poemário O sonho da modelo

quinta-feira, 29 de maio de 2014

1º premio no II Certame de Poesía "Manuel María"


Ás veces, tamén é verdade
que me perdo entre as memorias
Adoito mirar cara o bosque
e transfórmome nunha amoria 
con sinais de peteiradas nas coxas
Cerro os ollos e ouzo, coma nun soño
o son dun peto entre os carballos


A Casa de Galicia en Gipuzkoa



Poema pertencente ao conxunto de poemas " O lánguido ocaso dunha dalia"
gañador do II Certame de Poesía en Lingua Galega "Manuel María".
 Convocado por A Casa de Galicia en Gipuzkoa, 24 de maio-2014

domingo, 4 de maio de 2014

Roteiros dum corpo (de "Espelho de mim mesma)

Uma das obras de Luís Viñas para o  livro "Espelho de mim mesma"























Um sonho fica acovilhado, aleuto
tenro
não lhe interessa morar na sombra
está prendido entre a pinça rosa do meu pelo
e os teus olhos
Brama coma o brusco ar
que bate na surpreendida janela
Pega nos ouvidos com fúria
e xordem desejos dormidos
ocultos trás a penumbra
Plasmam rotas de acessibilidade
cara a contorna acesa
interlinhadas beirarrúas
abraçam-nos
espetam os nossos corpos
nas imensas paredes
nos verticais perpianhos
dos húmidos edifícios de janeiro
Coma tatuadas sombras numa noite
na que todo semelha possível
Enriba dos ombreiros
uma predição traça-nos linhas impercetíveis
abstratos grafites
abrem a luz na deserta avenida
que só é visível para nós
A lua acaricia o lácio cabelo
escuro
Levemente
eletrificam-se os valados que nos habitam
e espertam borboletas nos nossos lábios